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Por Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty

Quando começamos a vivenciar um reaquecimento nas vendas dos imóveis em meio a circunstâncias favoráveis como a queda da taxa de juros básicos (SELIC), menor taxa de financiamento da história e a primeira alta do PIB da Construção Civil desde 2014, a pandemia de COVID-19 nos surpreendeu e tem trazido muitos desafios e mudanças radicais à vida de todo mundo. Não apenas no âmbito da saúde, mas também nas relações sociais e comerciais e, consequentemente, nos negócios.

Isso porque o atual cenário desencadeou uma crise de confiança em empregados e empregadores devido a uma série de incertezas a serem encaradas: se irão contrair a doença, se os seus empregos ou empreendimentos serão afetados, se o governo fará seu papel para achatar a curva de contágio e preservar a economia, quando teremos uma vacina ou tratamento comprovadamente eficaz, entre outras dúvidas.

O mercado imobiliário, que geralmente trabalha com a comercialização de um patrimônio que costuma ser o mais valioso das pessoas, e é tão habituado às visitas físicas nas propriedades e empreendimentos, foi um dos primeiros a sofrer grandes mudanças. Clientes vendedores estão evitando abrir suas casas, estandes de vendas estão fechados e os compradores também preferem se preservar de qualquer contato físico.

Com isso, os vendedores que, pela primeira vez em muitos anos, começavam a viver um empoderamento com a retomada do mercado e o aumento dos preços, agora voltaram aos mesmos patamares dos anos anteriores com a queda das visitas pelo distanciamento social necessário.

De que maneira os diferentes segmentos são afetados?

O mercado de imóveis econômico deverá ser diretamente afetado pelo desemprego. Projetos de habitação popular como o Minha Casa, Minha Vida dependem de crédito. Para isso, é necessário renda comprovada. A extensão da crise e o tempo de retomada da economia serão determinantes para o setor.

Já os imóveis intermediários são comprados por pessoas que ocupam cargos de chefia (como gerentes e profissionais autônomos). Ou seja, costumam ter pouca poupança e dependem também de crédito e financiamento. A instabilidade financeira tende a fazer com que prefiram não arriscar dívidas.

Enquanto isso, o mercado de alto padrão possui menos necessidade de crédito. Porém, em cenários conturbados, esse público, que normalmente já mora em casas confortáveis, adia o processo de tomada de decisão por entender que não é o momento de capitalizar. Instabilidades políticas, quedas na bolsa, investimentos em risco, perda da rentabilidade nas aplicações e o dólar alto são fatores que tendem a frear qualquer negociação atual por tempo ainda indeterminado.

No meio de tudo isso, acontece, é claro, as locações. Aos afetados pela crise que precisarão devolver o imóvel ou o financiamento, ou desistiram da compra, o aluguel se mostra como a solução para o momento.

Em toda crise, há oportunidades!

No entanto, diante de todas as instabilidades, adquirir um imóvel para investimento e diversificação do portfólio ainda se mostra interessante, não só pela possibilidade de renda, mas para apreciação do ativo em si.

Com isso, uma parte da demanda do mercado tende a se manter estável. Principalmente porque, mesmo em cenários que parecem até apocalípticos, há sempre aspectos favoráveis. O atual nível da taxa de juro e crédito imobiliário oferecem opções interessantes de investimento. Os que já possuem caixa devem aplicar para conseguir boas ofertas. Incorporadoras e lançamentos que proporcionam descontos ou facilidades de pagamento – algumas vêm dando até 90 dias para o primeiro pagamento – ajudam a fazer essa movimentação.

Para os vendedores ou pessoa com necessidade de crédito, o Home Equity é outra alternativa. Mais uma vez usufruindo da taxa de crédito vantajosa, essa modalidade de empréstimo que usa como garantia a própria residência disponibiliza financiamento de até 50% do valor total. Nesse período, acredito que veremos muitas pessoas buscando esse empréstimo para ter recursos.

Além disso, não podemos esquecer que, com a alta do dólar, é de se esperar ver investimento estrangeiro ajudando a movimentar o setor.

Expectativa pós-pandemia: tecnologia é a maior aliada

De toda maneira, os negócios não vão parar. E também não podemos esquecer que, depois da pandemia – que vai, sim, passar -, eles vão continuar. Para isso, as imobiliárias precisam se adaptar às necessidades do momento e oferecer soluções, seja para clientes imediatos, seja para os que usarão o tempo de quarentena para se dedicar à seleção do seu futuro imóvel.

Não estou falando de álcool em gel. Mas de tecnologia. É preciso lembrar que, para uma empresa que vive da venda de imóveis, a única coisa que mudou é a visita. Todo o processo já era, na grande maioria das vezes, feito por intermédio de um telefone ou computador. Então, é hora de aproveitar esse período de isolamento, em que temos mais tempo e atenção dos clientes, para oferecer um atendimento ainda mais personalizado e extremamente dedicado.

Mesmo com a abertura gradual das atividades que vem sendo planejada, a retomada das negociações tal qual ocorriam até o início do ano será lenta – e provavelmente só será concluída quando a COVID-19 (e seus efeitos na economia) não for mais uma ameaça. Para isso, diversas soluções para contornar essas limitações têm sido implementadas e acredito que nos auxiliarão e permanecerão em parte ou totalidade incorporadas pós crise.

As plataformas tecnológicas vieram suprir as deficiências das transações e fazer com que todos reflitam sobre tudo dentro dos seus negócios, especialmente no setor imobiliário.

Por enquanto, boas imagens e bons vídeos podem substituir as visitas. Embora, para grande parte dos compradores, esse contato físico com o imóvel seja uma etapa crucial, as opções tecnológicas ainda podem trabalhar a nosso favor para ir já adiantando o processo de seleção, para um negócio que será fechado assim que pudermos todos voltar às ruas.

Esse recurso também pode – e deve – continuar sendo usado no futuro, para pessoas que estejam distantes por qualquer outro motivo. Além da visita virtual, o mapeamento online dos imóveis no mercado e a assinatura digital não só do contrato mas também da escritura contribuem para a transação 100% tecnológica, que deverá ser a única possível no futuro, revolucionando desde já completamente a experiência dos clientes e o modo como trabalhamos.

Afinal, a crise chegou, e é severa. É um momento em que toda a equipe busca apoio e inspiração em seus líderes. Mas, com serenidade e resiliência, é possível avaliar bem o cenário e trabalhar com aquilo que é possível ser feito, com planejamento e ações concretas, para, depois, voltarmos a ver a retomada da escalada em vendas e o aumento dos preços dos imóveis previsto para este ano, que, apesar de sofrer uma pequena contenção, não deverá ter uma queda significativa de forma geral.

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*Com mais de 25 anos de experiência no mercado imobiliário, Marcello Romero fundou em 2012 a Imobiliária Bossa Nova, com o propósito de oferecer curadoria especializada em imóveis de alto padrão nos principais bairros de São Paulo e excelência no atendimento, compartilhando assim a sua expertise com seus clientes. Em 2015 a companhia tornou-se a representante exclusiva no Brasil da maior grife imobiliária do mundo, a Sotheby’s International Realty, passando a apresentar-se como Bossa Nova Sotheby’s International Realty – BNSIR.

Crédito: Divulgação
Fonte: 4 Influence